8 de junho de 2014

Um dia especial no Salão do Livro 2014

Hoje termina o 16º Salão do Livro Infantil e Juvenil.

Quinta feira, dia 05/06, fiz questão de presenciar as mesas redondas de ilustradores que aconteceram durante o Encontros Paralelos sobre Ilustração e eles encheram meu dia de alegria.

Fico muito feliz de me encontrar em lugares como este. De saber que existe um grupo de pessoas que pensa como eu. Eles estão um pouco distantes ainda, mas em breve, aos poucos me aproximarei de cada um deles. A identificação é tanta e tão intensa que me arrepiei quando fui adicionar a ilustradora/professora Graça Lima aos meus contatos de FB e vi na sua foto de capa a minha foto de capa. O meu momento no momento dela.


Aprendi muito com todos os ilustradores que falaram na quinta feira. Me ensinaram em poucas horas coisas que guardarei para o resto da vida. Suas percepções são táteis, palpáveis, sinceras e honestas.

O Rui me lembrou que a pegada na areia é muito mais interessante que o pé, porque dela não sabemos nada e "que a ilustração deve ser uma esfinge: Decifra-me ou te devoro". Que o mistério deve fazer parte da construção de imagens e é isso que levarei comigo.
Aprendi que a cor é a celebração do momento muito mais que um pigmento. E que ela pode ser a celebração de vários momentos, porque o vermelho é amor e é guerra. Aprendi que o azul pode ser uma cor quente e que o azul do Ives Klein é também o azul do Jequitinhonha. Além disso, aprendi que o rabisco é um desenho que pensa (Roger Mello) e espero que meus sketches pensem mais do que eu.
Aprendi que o livro é um objeto-sujeito (Fernando Vilela) e que ele é o espelho do homem: tem orelha, tem rosto, tem pé (Jella Lepman), mas se distancia de nós por ser imortal.
Me lembraram também que o objeto é fundamental para se chegar no não-objeto, que o desenho é sinestésico e pode até ser som. Só não dá pra tocar no rádio.

Sempre ouvimos que as pessoas tentam se expressar através do que vestem, mas lá aprendi que também é possível conhecer as pessoas pelo que elas leem, através do acervo da biblioteca pessoal de cada um. Eu quero unir estas duas coisas, e que as minhas roupas e meus livros me definam com muita cor e uma profundidade quase que inocente.

Admiro o trabalho de cada um dos que falaram na quinta feira e me comovi com o depoimento emocionado deles sobre a Feira de Bolonha deste ano. Segundo eles, há bem pouco tempo, editoras estrangeiras, européias, rejeitavam ilustradores latinos a ponto deles nem poderem entrar nos stands. Este ano, ao contrário, o Brasil foi o país homenageado, assim como em 94, com uma mostra de ilustradores brasileiros e a entrega do prêmio Hans Cristian Andersen de Ilustração para Roger Mello, brasiliense.

Não me espantam suas lágrimas de emoção, Marilda, ao ver um de nós receber um prêmio tão importante como este. Com certeza foi uma porta que se abriu. E eu quero estar atrás desta porta um dia.



Novas referências:
André Neves: http://confabulandoimagens.blogspot.com.br/
Mauricio Negro: http://www.mauricionegro.blogspot.com.br/
Graça Lima + Roger Mello + Mariana Massarani: http://capaduraemcingapura.blogspot.com.br/
Fernando Vilela: http://www.artebr.com/fernando/
Marilda Castanha: http://marildacastanhailustradora.blogspot.com.br/



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